quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Não é um post sobre a peça do Albee, Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, e nem sobre o filme homônimo de 1966, que nada tem a ver com Virginia. Ele é de fato, sobre ela.

 Por alguma razão, me encontrei fascinada com suas cartas de suicídio. É estranho achar um suicídio bonito, ainda mais de alguém tão brilhante quanto ela, mas é assim que eu o vejo, como algo belo.


 Virginia se matou em 28 de Março de 1941 aos 59 anos, depois de um colapso nervoso, ela encheu os bolsos de pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Até agora não deve estar fazendo sentido eu acha-lo lindo, mas ela escreveu algumas cartas e é delas, principalmente as para o seu marido, Leonard, que eu tiro a beleza da morte.

 “To look life in the face, always, to look life in the face and to know it for what it is. At last to know it, to love it for what it is, and then, to put it away. Leonard, always the years between us, always the years. Always the love. Always the hours.” 
Esse trecho de uma das cartas mostra que ela não sentia ódio, ou desprezo pela vida, como costuma ser um suicida. Mas o contrário, ela morreu amando a vida, simplesmente percebeu que não tinha mais nada a ganhar com ela, ela tirou o que tinha que tirar da vida e acabou com ela, no tempo certo, no seu tempo.

Não sei se alguém consegue me entender, ou ao menos ver sentido no que estou falando, mas que eu acho lindo, acho. Segue uma das cartas inteiras, quem sabe vocês me entendam.
 "Dearest, I feel certain I am going mad again. I feel we can't go through another of those terrible times. And I shan't recover this time. I begin to hear voices, and I can't concentrate. So I am doing what seems the best thing to do. You have given me the greatest possible happiness. You have been in every way all that anyone could be. I don't think two people could have been happier till this terrible disease came. I can't fight any longer. I know that I am spoiling your life, that without me you could work. And you will I know. You see I can't even write this properly. I can't read. What I want to say is I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that - everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can't go on spoiling your life any longer. I don't think two people could have been happier than we have been."
 É tão...antagônico tudo que ela sente e descreve nessas poucas linhas. A felicidade e a loucura, o amor e o sentimento de ser apenas um peso na vida de alguém.

Termino recomendando o filme As Horas (2001), baseado no livro de Michael Cunningham, que conta a história de três mulheres diferentes ligadas a Mrs. Dalloway, um livro da Virginia, incluindo ela mesma. Abaixo você pode ver o final do filme, sem grandes revelações, mas com a cena do suícidio.


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