domingo, 2 de setembro de 2012

Surtando com Mrs. Dalloway #3: Homossexualidade

Apesar de Mrs. Dalloway ter sido escrito em 1925 e Virginia Woolf ter nascido em 1882, a homossexualidade é tratada com naturalidade, assim como deve ser, o que demonstra que Virginia estava muito a frente de seu tempo. Tentei juntar aqui, os trechos que consegui me lembrar que demonstram essa naturalidade.

Septimus não sente atração ou amor por sua esposa, isso causa pânico e ele culpa o mundo por isso.
“O medo tomou conta dele – ele não podia sentir. Ele podia ser racional, podia ler Dante, por exemplo, muito facilmente [...], seu cérebro era perfeito, deve ser culpa do mundo então - que ele não sinta.”
Por outro lado, ele é assombrado pela imagem de seu amigo Evans. Seu comandante, que é “indiferente a companhia de mulheres”. E os dois são descritos como “dois cachorros brincando num tapete. [...] Tinham que ficar juntos, dividir um com o outro”. Além disso, Septimus se abstêmia de ter relações com sua esposa, as quais ele considera “sujas do começo ao fim”.

Clarissa, de forma mais clara, também se sente atraída por uma pessoa do mesmo sexo, sua amiga Sally Seton, com quem ela diz ter uma relação pura e protetora, “e o que seria isso se não estar apaixonada?”.
 “O momento mais extraordinário de sua vida. Sally parou, colheu umas flores e a beijou na boca. O mundo todo deve ter virado de cabeça pra baixo! Os outros desapareceram, ela estava sozinha com Sally. E ela sentiu como se houvesse recebido um presente, algo como um diamente, infinitamente precioso.”
Sua relação com Sally era mal vista por alguns:
“Era chocante; era horrível! Não para ela. Ela sentia como Sally já estava sendo maltratada; ela sentia a hostilidade dele; seu ciúme; sua determinação de destruir a relação das duas.”
E por fim, o que Doris Killman sente por Elizabeth, filha de Clarissa, também se enquadra aqui:
“Ela sentia que estava quase se partindo em pedaços. A agonia era terrível. Se pudesse agarrá-la, se pudesse abraçá-la, se pudesse fazer dela absolutamente e pra sempre sua e então morrer; isso era tudo que ela queria. Mas sentar ali, sem conseguir pensar em nada para dizer; ver Elizabeth se virando contra ela; ser repulsiva até para ela – era demais; ela não podia suportar.”
E no caso a relação é mais impossível, não só por não ser correspondida, como também pela diferença de idade entre as duas, Doris é a tutora de Elizabeth. E também porque Doris e Clarissa se odeiam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário